16 de nov. de 2008
O choro
Ontem foi aniversário de meu pai, e hje de minha irmã, e acho que o meu
maior presente aos dois veio inconscientemente.
Hoje resolvi falar tudo que não falei a vida toda, acho que acabei sendo até
meio desagradável com algumas das pessoas que foram atingidas por meus
comentários. Velhos amigos, que hoje já podem ser chamados de amigos
velhos foram atingidos por palavras pensadas tiradas de minha mente
despreocupada com a reação, e principalmente com o teor de tais palavras.
Palavras afiadas que com cereteza não causaram nenhum conforto, pelo
contrário, causaram muito desconforto. Ainda mais vindo daquele que nunca
fala, simplesmente observa e prefere abster-se de comentários. Mas hoje foi
diferente, foi instantâneo, automático e implacável.
E o choro, o que tem a ver?
Viemos para casa, eu e meu pai conversando sobre shows, ídolos e afins; até
que chegando em casa começamos a escutar músicas e discutir sobre arranjos
e as lembranças que as músicas trazem. Foi então que resolvi colocar Villa-Lobos
para meu pai escutar.
A princípio ele não assimilou que fosse Villa-Lobos, mas quando falei pude ver seus
olhos brilhando; coisa não muito comum para um cara de 61 anos mais racional do
que emocional. Escutamos o "Trenzinho caipira", e na sequência escutamos "Melodia
Sentimental". A segunda toda tocada em violão com acordes trabalhadíssimos,
acordes que até então só vira meu avô Benjamin tocando sentado em seu sofa de
napa marron, com seu cigarro inseparável pendurado no canto da boca enquanto
dedilhava o violão.
E meu pai chorou...
4 de jul. de 2008
O que nos falta.
Emagreci, e agora?
Tenho saúde, e agora?
Tenho um bom emprego, e agora?
Tenho uma filha linda e inteligentes, e agora?
Tenho uma família meio estranha, mas estão todos bem, e agora?
Tenho uma namorada que apesar de estarmos longe é companheira,
e agora?
O que mais eu quero?
O que mais você poderia querer?
Com tudo isso só posso chegar à conclusão que sou um sortudo, ou
que sou feliz. Mas porque insisto em procurar algo com que me preocupar?
Oras, porque sou humano!
E como humano nada nunca me deixará satisfeito, sempre procurarei algo
que me torne insatisfeito, que me faça buscar um algo a mais, e normalmente
uma algo mais que seja quase inalcançável. E para que?
Oras, para ter do que reclamar.
Será que seremos sempre assim?
Nada nunca nos deixará satisfeitos?
Essa insatisfação continua tem me deixado insatisfeito até com minhas
conquistas, meu sucesso já não me basta, e insisto em diminuir minha glória
a um simples "consegui mais uma vez".
Isso é péssimo, é degradante e stressante, perder tempo se lamuriando do
nada, do que poderia acontecer de errado, de achar que tá legal, cheguei até
aqui, mas e daqui para a frente, o que poderá acontecer?
Dane-se o que pode acontecer, que aconteça! Merda de insatisfação!
Você tem certeza que quer uma vida perfeita?
Pense bem, quando a encontrar não terá do que reclamar. E o que fará então?
5 de jun. de 2008
E a vida, o que será dela?
Hoje durante o almoço fiz algo que não faço a tempos... Conversei.
Que me desculpem meus contatos do msn e outros meios digitais,
mas para mim conversa é assim, cara a cara.
Isso é bom, faz bem sair da concha de vez em quando; ainda mais
quando o papo te desperta interesse.
A pauta foi preservação ambiental.
O que você faz para preservar o planeta?
Não, não precisa se filiar ao Greenpeace, à WWF e a nenhum outro
órgão protetor do meio ambiente; basta pensar no seu umbigo, aquele
pequeno buraquinho que fica um palmo acima de sua genitália. Ou se
preferir pense no seu bolso, pronto! Isso já será suficiente.
Se você economizar tempo de banho, economizará água e seus bolsos
e as represas ficarão mais cheios. Se toda vez que sair do quarto para
ir à cozinha para pegar um copo de qualquer coisa, apagar a luz do quarto
fechar a porta da geladeira logo que retirar a garrafa, o prato, ou o refratário
que contenha o que você foi pegar; abrir a geladeira, guardar o que pegou,
fechar a pobrezinha da frígida, apagar a luz da cozinha, entrar no quarto,
acender a luz e desfrutar do conforto que só ele oferece; mais uma vez
estará deixando as represas e todo eco-sistema que as habita, bem como
o seu bolso também mais cheios. Pode ser menos vazio se preferir.
Simples, não?
Você tem costume de jogar latas e papéis nas ruas?
Sabia que tem gente que ganha dinheiro com isso?
Não, não são os garis que você está tentando ajudar quando tem esse tipo
de atitude, afinal não você, mas a maioria das pessoas que faz isso o faz
próximo aos bairros de periferia, onde dificilmente há garis. Custa segurar
seu lixo até sua casa, ou até descer do ônibus, ou do carro, ou quem sabe
até a lixeira mais próxima?
Não consegue mudar o mundo, mude seu dia a dia. Se você reciclar o seu
lixo, depois sua família também o fizer, já é alguma coisa. Se depois disso
seu vizinho começar a fazer teremos mais um avanço, e quem sabe assim
o seu prédio, ou a sua rua e depois seu bairro. Parece difícil?
É, realmente será se você tentar fazer a ordem inversa. Junte seu lixo
reciclável e venda para uma organização que o recicle; você pode ganhar
R$ 3,00 que pagariam o saco que usou para juntar o lixo, isso se você não
usou o bom e velho saquinho de supermercado.
Bom... Não vai adiantar eu ficar aqui falando, só quero que você se
lembre que o plástico que faz as sacolinhas de supermercado é feito de
um combustível fóssil, que é o mesmo que abastece o carro, ou o ônibus
que te leva para lá e para cá; e o pior, ele pode acabar.
A água que você bebe é a mesma usada no seu banho, e que fornece
a energia para seu banho quente. A terra é o planeta água, mas só uma
pequena parcela dela é potável. E sem ela...
...O que será da vida?
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